Ideia da ferrovia é agilizar o escoamento da produção e o transporte para o mercado asiático. Governo pode usar trechos de rodovias já existentes, mas decisão ainda depende de estudos a serem feitos.

Brasil e China assinaram nesta segunda-feira (7) um acordo de cooperação para desenvolver estudos técnicos sobre a construção de uma ferrovia que ligaria o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no litoral do Peru, cruzando o continente sul-americano do Atlântico ao Pacífico.
O objetivo é facilitar o escoamento de produtos brasileiros para a Ásia, especialmente para a China, principal parceiro comercial do Brasil.
Segundo o Ministério dos Transportes, os estudos iniciais vão avaliar a possibilidade de aproveitar trechos de ferrovias já existentes no Brasil.
A proposta prevê que a ferrovia atravesse a Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, chegando até o porto de Chancay, no Peru. O porto faz parte da iniciativa “Cinturão e Rota”, a chamada “Nova Rota da Seda”, programa chinês que investe em infraestrutura em diversos países.
Projeções do governo peruano indicam que a nova rota pode reduzir de 40 para 28 dias o tempo médio de transporte de cargas do Brasil para a Ásia. Além disso, a expectativa é que os custos logísticos também sejam reduzidos com o uso de modais ferroviários e marítimos.
O acordo tem duração inicial de cinco anos, com possibilidade de prorrogação. Ele prevê a realização de estudos conjuntos sobre a estrutura logística brasileira, com foco na intermodalidade – combinação de diferentes modais, como ferrovias, hidrovias e rodovias – e na sustentabilidade econômica, social e ambiental do projeto.
O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, afirmou que a iniciativa é um “passo estratégico” e um “movimento técnico e diplomático para aproximar continentes e reduzir distâncias”.
Entre 2015 e 2016 já haviam sido feitos estudos sobre uma ferrovia transcontinental, mas o projeto não avançou em razão do cenário político e econômico da época. Agora, o governo acredita que há mais maturidade técnica e infraestrutura disponível, o que pode facilitar a viabilidade do plano.
“Acreditamos que estamos concretizando uma parceria essencial com os melhores do mundo para resolver nossos gargalos na infraestrutura de transporte”, afirmou Ribeiro.
Os estudos vão indicar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto. Ainda não há data para conclusão dos levantamentos, nem para o início das obras. Qualquer avanço dependerá da conclusão dos estudos, de definições sobre financiamento e da articulação com o governo do Peru para viabilizar os trechos no território vizinho.

Fonte: G1