CASO VENTILADOR ELOÁ
Uma situação de angústia e incerteza vem sendo enfrentada por uma família residente em Fartura, no interior de São Paulo, que aguarda há mais de três meses a liberação de um ventilador mecânico domiciliar essencial para a alta hospitalar da filha, Eloá Beatriz, de apenas dois anos de idade.
Internada no Hospital Estadual de Bauru desde setembro passado, a criança foi diagnosticada com uma síndrome muscular generalizada, de origem ainda desconhecida, que afeta toda a musculatura do corpo e compromete sua capacidade de respirar sem auxílio de aparelhos.
Segundo os pais da criança, o quadro clínico se estabilizou nas últimas semanas, permitindo que os médicos autorizassem a alta hospitalar. No entanto, a liberação está condicionada à chegada de um ventilador mecânico, equipamento imprescindível para que Eloá possa continuar o tratamento em casa com segurança.
A mãe da pequena Eloá, Greici Oliveira, relatou por meio de um vídeo nas redes sociais a frustração com os sucessivos atrasos na entrega do equipamento. Ela afirma que a solicitação do ventilador foi feita pela equipe médica e encaminhada às autoridades de Saúde do município de Fartura e do Estado de São Paulo, mas o pedido foi negado em ambas as instâncias.
Diante da negativa, a família recorreu à Justiça, que determinou a disponibilização do equipamento no prazo de 10 dias – prazo esse que, segundo os pais, já foi prorrogado diversas vezes.
“O Estado empurra para o município, o município empurra para o Estado. E a gente segue aqui, esperando, enquanto a nossa filha corre riscos”, desabafou a mãe da pequena Eloá. Segundo ela, o estado prolongado de internação tem exposto a criança a constantes infecções hospitalares. “Ela já pegou cinco infecções, duas delas graves. Se não fosse por Deus e pelos médicos, ela não estaria mais aqui”, completou.
Os pais afirmam ainda que o equipamento necessário já deveria ter sido entregue em datas previamente estipuladas. Uma das promessas, segundo eles, previa a chegada do ventilador até dia 23 de junho. Depois o prazo foi estendido para dia 26 de junho, mas novamente sem cumprimento.
A situação se agrava, de acordo com a família, porque todas as demais providências para a alta da criança já foram tomadas: os insumos estão disponíveis, a equipe de enfermagem foi orientada e o preparo da família em casa já foi concluído. “Falta só o aparelho. E mesmo assim ninguém resolve. Os médicos vêm todos os dias me perguntar, mas eu não tenho o que responder além das desculpas que recebo”, declarou a mãe.

SAÚDE DE FARTURA
De acordo com a coordenadora da Saúde de Fartura, Regiane Medeiros, tudo que foi solicitado pelo hospital onde a pequena Eloá se encontra internada foi proporcionado, entretanto, o que tem atrasado o procedimento final é que foi solicitado um ‘respirador Bipap’, um tipo de dispositivo de ventilação não invasiva que auxilia na respiração, usado para tratar condições como apneia do sono grave, doenças pulmonares e insuficiência respiratória, onde o paciente não está recebendo oxigênio suficiente ou não consegue eliminar o dióxido de carbono adequadamente.
De acordo com a coordenadora, esse aparelho, cujo custo é de aproximadamente R$ 5 mil, já estava em fase de aquisição, porém, ao enviar as especificações do equipamento, o hospital apresentou requisitos de um ventilador mecânico, de uso contínuo, que custa quase R$ 60 mil, o que foge da capacidade de compra da prefeitura, necessitando de uma licitação, e isso leva mais tempo.
Ainda, segundo a profissional farturense, os familiares da pequena Eloá entraram com uma ação na justiça contra o Estado, não tendo nada a ver com a Prefeitura, e, embora haja a determinação do prazo de 10 dias para a aquisição do aparelho pelo Estado, a Prefeitura está de mãos atadas, uma vez que eles processaram o Estado, mas ainda está sendo buscada uma solução para o caso.
